24.10.06

Gosto mesmo é de farol de milha aceso

Esse é mais um da série Tragos & Estragos.



Passo ao largo do dia
Sim, gosto do sol, das cores e da vida
Mas amo mesmo a boemia
Com suas luzes artificiais e gente perdida

Sandices aos borbotões
O breu é minha companhia
Copos e copos de cerveja ou uísque
Que quando faltam é uma agonia

Te tenho doce, boemia
Noites são todos os dias
E é difícil estar longe, quero sempre este lugar
Ficar sem eira, sem saber pra onde voltar

Te tenho fria, boemia
Aos montes sou herói, aos poucos me destrói
E em nada..o que me resta?
Andar sozinho até outro bar
Onde eu possa me sentar
E recomeçar, mais uma vez
Até não agüentar
O dia em que não serás mais minha
Boemia

10.10.06

Me chamam de louco

São duas horas da manhã
A rua, outrora repleta de vozes e faróis
Agora é escura, estranha metamorfose
Me debato entre folhas de hortelã

A sua porta está fechada
E o meu bafo denuncia a boemia
Sem destino, sem carinho e sem alerta
Sigo em frente pra escapar da minha própria fantasia

Uma, duas, três, quatorze tentativas
As garrafas acumulam ao pé da minha luz
Insana letargia, prosaicos versos soltos

São seis horas da manhã
E o sol já tange a terra
E essas horas de espera

A ilusão de ver teus olhos
Uma vez, só mais uma vez
Acalma o coração enquanto meu corpo se desespera

Finalmente, às oito da manhã
Cansados dos meus brados, os vizinhos se reúnem
Turba louca, quem são os normais?
Tudo acaba quando chegam os gambés
E eu vejo, da janela da viatura
Teus olhos, mais uma vez
Pela última vez.