24.7.07

Priceless

acordei às 13h50 com a buzina do celular marretando insistentemente minha cabeça, sobre a mesa de luz. ele ainda tocou mais umas 2 ou 8 vezes até que eu conseguisse estender o braço para atender.

acordado, mas nem tanto, decidi dar um jeito na vida. era sábado e tinha ensaio às 16h. depois uma missa de re-casamento às 19h e, logo após, a festa. dia cheio, sem dúvida. mas não eram apenas coisas divertidas que estavam me esperando.

depois de acordar um pouco mais decidi ligar a TV. pra minha surpresa, descobri que havia faltado luz. porra. tinha pouco mais de uma hora pra sair de casa e ainda precisava tomar banho, comer alguma coisa e trocar uma corda. sem luz, resolvi cagar. peguei uma revista de empulhas e anedotas e fui matar tempo no banheiro, esperando que a luz voltasse logo. na verdade não demorou muito, a luz. tratei de me esgueirar para baixo do chuveiro e aproveitar pra tirar o ranço de uísque e cigarro que impregnava cada parte da minha epiderme. depois de umas boas ensaboadas, o que acontece? sim. faltou luz. terminei o banho rapidamente tilintando de frio, pela água gelada e pelos 8 graus que faziam lá fora.

banho tomado e com a rinite já devidamente instaurada, comi e tratei de trocar as cordas. espetei os dedos três vezes e deixei cair o tubo de jimo silicone sobre o sofá. maravilha.

já atrasado, joguei a guitarra no porta-malas, o terno no banco de trás e saí em direção ao ensaio, descendo a lenha no palio fire um-ponto-zero. ainda tinha poucos mais de 20 minutos, tempo suficiente se pudesse contar com a sorte.

mas ela, a sorte, essa eu esqueci de levar junto e peguei simplesmente todos, todos os sinais fechados possíveis no caminho entre a minha casa e o estúdio. não satisfeito resolvi pegar um atalho e me deparei com aquelas mudanças de mão e obras com as quais a prefeitura adora presentear os contribuintes de uma hora para outra. depois de me perder bonito, dei uma puta volta e acabei chegando no ensaio quase meia hora atrasado.

banda fumando crivos na entrada do estúdio quando eu estaciono impaciente o palio fire um-ponto-zero. saio do carro já praguejando contra a falta de sorte. ela, a sorte, que não leva desaforo pra casa, colocou a porta do porta-malas entre minha cabeça e o espaço vazio mal calculado. "bah velho, tu tá azarado mesmo. a gente acredita em ti".

o ensaio foi bom, pelo menos. na saída, chuva. precisava ir até um posto para sacar dinheiro e fui até o mais próximo, lógico. caixa em manutenção. porra. comprei uma carteira de marlboro vermelho com meus últimos três reais e saí em busca de outro posto.

não cheguei atrasado na missa, mas enfiei o pé no barro, adornando a barra da calça com uma tarja marrom-claro. na saída, fui fazer uma gentileza e acabei enfiando o carro no barro. saí, puto da cara, xinguei deus, jesus e todo mundo da celeste família que talvez pudesse me ouvir por estar ao lado de uma igreja e enfiei o outro pé no barro. empurra pra lá, empurra pra cá, tábua embaixo do pneu e finalmente o carro sai do barro.

cheguei na festa, bebi uma garrafa de uísque, 6 latas de cerveja e fumei toda a carteira de marlboro. o pior de tudo é não lembrar de ter dançando BILLIE JEAN como o michael jackson, com mão no saco e tudo, na frente de todos os parentes, amigos e vizinhos do casal de noivos.

mas o pior de tudo mesmo é ainda lembrar de tudo isso e colocar em um post, só pra dar motivo pros teus amigos rirem da tua cara. é, isso não tem preço.



18.7.07

Mas...

- Alô, Leo?

- Sim, sou eu.

- Oi, tudo bem?

- Tudo.

- Beleza então. Olha só, aprovaram a sua campanha. O cliente amou. Dessa vez a gente acertou em cheio o conceito!!!

- Que massa. Vou dar os parabéns pra equipe então.

- Então, temos que fazer algumas alterações para aprovar com o cliente ainda hoje. Vamos trocar a foto, eles não querem aquelas pessoas, querem outras. Normais, viu? O slogan não foi aprovado, eles querem mais opções. De chamadas também. Além disso, temos que apresentar outras opções de cor para o fundo. O brinde eles não vão querer, nem o folder. Mas o cartaz A4 a gente vai produzir. Que legal, né?

- ...

16.7.07

Brasil il il!

ah, que beleza. o Brasil está em festa. é o PAN estampando todas as manchetes, são os esportes mais bizarros na ponta da língua de todo mundo, é um tal de badminton pra cá, nado sincronizado pra lá que dá gosto. todo brasileiro é apaixonado por tudo que é esporte. o ufanismo está em alta e o povo parece anestesiado diante tantas emoções. haaaaaaja coração.

e para abalizar este momento, eis que a seleção brasileira de futebol conquista a Copa América. e logo contra quem: a temida Argentina, que entrou em campo desfilando craques como Riquelme, Messi, Verón, Tevez e por aí vai. temos um, dois, três motivos para comemorar o título. MEDO. ouvi ontem o comentarista da SporTV dizendo que não restam dúvidas sobre o trabalho do Dunga. opa! peralá! muita hora nessa calma. sim, o time foi bem, jogou direitinho, foi bem tática e tecnicamente, mas está na cara de que esse não é o time ideal. por isso, sugiro que esperemos pela continuidade do trabalho. não, não estou rogando praga, apenas sendo cauteloso, talvez cético. mas ainda tem as eliminatórias. vamos ver.

a verdade é que, diante de todo este êxtase esportivo, o brasileiro geralmente fecha os olhos para gritar e para os problemas do país. é este o momento mais perigoso, quando está todo mundo olhando para a TV. enquanto o tupiniquim se delicia com troféus e medalhas, o senado e a câmara continuam lá, destilando corrupção e batendo a carteira do otário que gasta o salário desse mês em cerveja e amendoim.

já vi isso acontecer na copa de 94. a taça vem cheia de morfina e fica todo mundo fora da casa, alheio às coisas que acontecem na cidade plana. todas as atenções se voltam para o pão e circo enquanto os ratos fazem a festa furando ainda mais o queijo verde e amarelo. mas o que importa isso? o Brasil é campeão, é o país-sede dos jogos e o mundo inteiro está de olho nas praias do rio de janeiro. é pura festa, serpentina e chope. mas todo o carnaval tem seu fim. será?

13.7.07

365 dias de rock

sexta-feira 13. dia do rock. um frio da porra que fica um pouco menos insuportável quando o sol tímido dá as caras, mas quase sempre encoberto pelas nuvens cinzas que já se tornaram companheiras fiéis do inverno em porto alegre. dia do rock. com essa garoa cinzenta bem que eu poderia estar em londres, com uma guitarra de 30 libras debaixo do braço indo fazer um som com meus amigos em algum boteco.

dia do rock e são 7h45 quando eu coloco os braços pra fora das cobertas e sinto a atmosfera gélida me impelir a ficar mais alguns 5 ou 40 minutos deitado.
mais tarde, sentado em frente ao computador depois de um dia de trabalho razoável, penso em escrever alguma coisa sobre a importância do rock na minha vida. ponho pra tocar o disco III do led zeppelin e me regozijo em silêncio com immigrant song. tento lembrar do meu primeiro contato com o rock. acho que foi por volta de 1986. eu, com pouco mais de cinco anos na época, não era dono do meu ouvido, estando sujeito ao gosto dos meus pais (e sujeito às conseqüências que más influências musicais poderiam causar anos mais tarde). lembro que era verão, férias da escola, e eu passaria três longos meses na praia, longe da cidade, perto do mar, respirando ar puro. até hoje gosto disso.

a viagem era boa, cerca de seis horas até nossa casa em garopaba. naquele tempo se ouvia fitas K7. e as que meus pais levavam em uma bolsa azul eram pra mim um tesouro a ser descoberto por meus ouvidos tenros e ainda ingênuos. lembro até que às vezes a gente ouvia a mesma fita duas, três vezes, pois não eram muitas (ou eram e meus pais gostavam muito daquelas mesmas que sempre escutavam).


"say, say, say what you want but don't play games with my affection" era o que cantavam paul mccartney e michael jackson, indo e voltando da praia. levei muitos anos para descobrir a música novamente e voltar a escutá-la duas, três vezes por dia. a fita era do paul e eu nem sabia o que era beatles. meu avô, algum tempo depois viria a me presentar com dois discos, o white album e um compacto do yellow submarine.

antes de completar sete anos eu já falava pros meus amigos sobre beatles quando todo mundo só falava de jaspion e comandos em ação.
ganhei uma vitrola que era da minha mãe. ela era marrom e mais parecia uma maleta. quando passeava com ela ou com meu avô pelo centro da cidade, sempre pedia pra ganhar algum disco, mas como não sabia escolher, contei com a sorte e acabei sendo presenteado com vinis de cat stevens, tracy chapman, pink floyd, joni mitchell e mais paul mccartney. assim, fui desenvolvendo meu gosto pela música, ouvindo os pouco mais de dez discos que possuía à exaustão (e possivelmente provocando um grande arrependimento nos meus pais, que escutavam tudo comigo, todos os dias, toda hora, de novo de novo e de novo).

muitos anos mais tarde descobri sons mais pesados, como black sabbath, iron maiden, slade, led zeppelin. tinha doze anos quando me dei conta que já era tarde demais para voltar atrás: estava completamente apaixonado pelo som das guitarras distorcidas, os vocais agudos e rasgados, a bateria alucinada e marcante. e com as aulas de violão, o meu envolvimento com a música só foi crescendo e crescendo. e em uma época em que a grande maioria dos meus colegas escutava eldorado e achava legal ser pagodeiro, eu esperava toda semana pra ouvir arrasa-quarteirão na ipanema, fúria metal na mtv, levava walkman em passeios (para não ser contaminado por molejo, só pra contrariar e outras porcarias do gênero. desculpe-me quem gosta ou se ofendo alguém, mas não existe melhor adjetivo que merda para definir o pagode que estourou na década de 90, e que não tem nada a ver com samba).

o meu primeiro dia do rock foi a distante tarde daquele verão de 86 em que eu ouvi paul mccartney pela primeira na vida e, desde então, todos os meus dias são assim. sabe quando alguém diz "ah, mas é um dia como qualquer outro"? é verdade. o dia do rock é como qualquer outro, pois não há uma variável em minha personalidade que me permita viver, respirar, ouvir, comer de outra forma.


obrigado paul, michael, john, george, robert, david, roger, cat (ou yusuf aslam), tracy, joni e mais uma galera que fez, faz e continua fazendo a trilha sonora da minha vida um sucesso de audiência.


o dia de rock é todo dia. e viva a porra do rock, seus motherfuckers.

10.7.07

fuck off brasil!

“Dear Pandora Visitor,

We are deeply, deeply sorry to say that due to licensing constraints, we can no longer allow access to Pandora for most listeners located outside of the U.S. We will continue to work diligently to realize the vision of a truly global Pandora, but for the time being we are required to restrict its use. We are very sad to have to do this, but there is no other alternative.

We believe that you are in Brazil (your IP address appears to be 200.213.44.244). If you believe we have made a mistake, we apologize and ask that you please contact us at pandora-support@pandora.com

If you are a paid subscriber, please contact us at pandora-support@pandora.com and we will issue a pro-rated refund to the credit card you used to sign up. If you have been using Pandora, we will keep a record of your existing stations and bookmarked artists and songs, so that when we are able to launch in your country, they will be waiting for you.

We will be notifying listeners as licensing agreements are established in individual countries. If you would like to be notified by email when Pandora is available in your country, please enter your email address below. The pace of global licensing is hard to predict, but we have the ultimate goal of being able to offer our service everywhere.

We share your disappointment and greatly appreciate your understanding.”

--

Malditos ianques.

5.7.07

Que mané Elvis o quê, o rei do rock é o Lemmy!

Um dos principais jornais britânicos, o The Guardian, concluiu sua busca pelo título de "O mais importante inglês vivo": o líder do MOTÖRHEAD Lemmy Kilmister venceu a disputa. O jornal declara que "alguns diriam que essa honra pertenceria a Tony Benn, um político esquerdista, mas participar de uma de suas palestras pode custar até 35 libras e não lhe dão o direito de ouvir 'Ace of Spades' tocadas por um sexagenário que fuma dois maços de Marlboro e [bebe] dois litros de Jack Daniel's por dia.

Essa nota é do site whiplash.net e prova que o rock continua com a mesma paudurescência de sempre.

4.7.07

Moral da História

Endomarketing é o KY dos recursos humanos.

3.7.07

Uma boa razão para largar o cigarro

acendo um cigarro ao sair da agência. o sol está forte, contrastando com o frio que faz na província de São Pedro. não dou mais que 10 passos até que sou abordado por uma senhora por volta de uns sessenta e poucos (ou tantos) anos.

- meu filho, para quê fumar?

é com esta pergunta que ela inicia um grande (e simpático) sermão sobre os malefícios do tabagismo. fala da preocupação de minha mãe, sobre a possibilidade de eu morrer de câncer (diz ela que ouviu de um especialista a opinião definitiva e que baliza o que diz: cigarro e câncer caminham juntos). também discorre sobre deus:

- deus sempre te carrega nos braços. mas se tu continuares a desafiá-lo, ele te solta. e aí não adianta rezar.

ainda fala sobre o meu futuro, elogia minha aparência (acho que porque recém cortei o cabelo e tirei a barba, cara de gurizote mesmo), e projeta grandes feitos para mim.

- tens um porte de líder.

até então ouvia mesmerizado as palavras desta doce senhora. palavras bem colocadas, bastante articulada. enquanto ela vai falando, o cigarro queima entre os meus dedos. sinto-me incapaz de dar uma tragada em frente à senhora. ela coloca a mão sobre a minha testa e me deseja juízo. diz que tenho uma longa vida pela frente. finalmente ela pergunta meu nome.

- nome de gênio. leonardo é nome de gênio.

o cigarro continua queimando entre os meus dedos enquanto começo a cogitar a própria existência, as casualidades, o destino, os sinais da vida e, talvez, de um deus. pergunto qual é seu nome.

- maria amélia coronel.

é irmã do escritor. orientadora educacional há mais de 35 anos. daí seu vocabulário rico de expressões que geralmente as pessoas esquecem que existem. mais uma vez me deseja juízo, sorte e amor. beijo sua mão e agradeço pelas palavras. jogo o cigarro (na verdade o que sobrou dele) no chão e sigo meu caminho. ainda imerso em pensamentos existencialistas e devaneios, retorno à agência. comento com o seu Luís - o porteiro - sobre a abordagem.

- uma senhora baixinha? irmã do coronel, né? vixe, esses dias fui fumar ali na rua e ela ficou TRINTA E CINCO MINUTOS me corneteando por causa do cigarro.

agora sei como se sente uma mulher diante um cafajeste que escreve os mesmos versos para todas as garotas e faz as próprias marcas de batom em sua roupa. de qualquer forma, largar o cigarro é uma coisa que irá acontecer.

mas sem
mensagens divinas nem adesivos de nicotina.