12.4.06

Comemoração anacrônica

O Grêmio é campeão gaúcho. E o que é melhor, título conquistado em cima do super-mega-blaster-ultra-arqui-rival Internacional. Ah, que ternura. Ver o Beira-Rio calando-se diante do gol espírita do Pedro Júnior. 1x1. Um jogo sem vencedores mas que teve um gosto insólito de derrota para os colorados que amargam, assim, mais um falecimento nas areias em frente ao oceano. Lastimável. Mesmo sendo gremista eu admito abertamente que não acreditava no insucesso dos Diamantes Rubros. Comecei a acreditar lá pelos 15 minutos de jogo, quando vi que o tricolor começava a AMASSAR o colorado. Depois do gol de empate ajoelhei-me na frente da TV, abraçado a um Santo Expedito. Detalhe: eu estava na agência, cercado de coloradas que, a todo momento, ameaçavam a minha integridade física com gritos e pontapés. Sim, fui quase linchado por uma turba de mulheres alucinadas que assistiam ao jogo comigo. Tá, tudo bem, exagerei um pouco.

Depois do jogo – e de revisar um manual de treinamento redigido por algum semi-analfabeto qualquer – me debandei para a Goethe (que fica a 2 quadras de onde eu trabalho). A rua já estava completamente tomada por um oceano azul e agitado, barulhento e irremediavelmente exposto à felicidade única que apenas um triunfo sobre o co-irmão da beira do rio pode proporcionar.

Em minha opinião, o melhor acontecimento social que alguém pode fazer parte. Senti-me inteiramente à vontade, mesmo não conhecendo ninguém. Cada um dentro de seu próprio mundo, cada mundo unido a outros por três cores, uma bandeira, uma paixão. Um esporte. Um time. Uma unanimidade assustadora. As pessoas se abraçando, gritando, vibrando, pulando, entoando hinos da torcida ALMA CASTELHANA, da qual eu, orgulhosamente, me considero integrante depois de fazer parte de inúmeras avalanches, em uma época nem tão distante assim, quando o grêmio era apenas um preterido time de segunda divisão.

Naquele momento todos foram um só. Um único grito, que estava preso na garganta já há alguns anos. Um título em cima do Inter. Quer coisa melhor? Não. Nada pode se compara a isso. Foder o colorado não tem preço. É um fino prato que deve ser degustado com requintes de crueldade. E participar de uma comemoração como a de domingo é a sobremesa perfeita, recheada de manifestações exacerbadas de alegria, paixão e amizade incondicional.

É isso. Grêmio Campeão Gaúcho 2006. E os galácticos foram pro espaço. Que deus os tenha.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pois é...
Pelo visto os diamentes não eram, nem de longe, jóias de verdade...