31.5.06

EGG

Depois de 37 tentativas cheguei a uma conclusão: por mais que tu fale em alto e bom tom, não adianta pedir XIS sem ovo na Lancheria do Parque. Eles SEMPRE vão colocar ovo. Disso eu tenho certeza. Só fico na dúvida em relação ao que o cara da cozinha pensa na hora em que recebe o pedido ausente de ovo.

- Fresco! e taca o ovo no pão.
- Foda-se, ovo tem proteína. E tava o ovo no pão.
- Ãh, seis ovos? E taca o ovo no pão.

Enfim, continuarei a pedir sem ovo, sabendo que estará sempre lá. Outro detalhe é que o XIS Pernil, servido somente nos finais de semana, com ovo ou sem ovo, é o MELHOR que existe em Porto Alegre.

Além disso, outro esclarecimento (pra Cris). É realmente proibido fumar somente até às 16h.

25.5.06

Êxodo

Há alguns poucos milhares de anos atrás um faraó recém empossado de seu cargo divinesco voltou-se contra os filhos de Israel e iniciou uma ditadura brutal sobre este povo, mandando-lhe aos trabalhos forçados e imprimindo condições de vida miseráveis. Eram os filhos de Israel responsáveis pela construção das cidades egípcias. E convenhamos, não devia ser nada mole carregar gigantescos blocos de pedra areia afora para erguer as suntuosas pirâmides que abrigavam a nobreza do antigo Egito. A coisa ficou preta pros caras até que nasceu Moisés, o salvador. Abandonado pela mãe – não, ela não era uma mãe desnaturada, apenas tentava salvar seu filho da perseguição por bebês depois de anunciada a profecia de que entre os hebreus (acho que era essa a denominação na época) surgiria aquele que libertaria o povo da tirania do faraó – acabou sendo criado como filho do próprio. Acontece que o cara cresceu, forte e saudável, descobriu suas origens e se revoltou contra o “pai”. Matou um egípcio – baita crime hediondo na época – e fugiu para o deserto. Virou criador de cabras, casou, caiu na real, voltou pra cidade, lançou as pragas, juntou a galera e cumpriu a profecia, conduzindo o povo de Israel através do mar vermelho.

Tá, depois desse belo resgate histórico e bíblico, eu chego a uma conclusão sobre a palavra “êxodo”, nome dado a esta escapulida hebraica da terra do Tutankâmon. É a libertação, em sua mais pura significação. É deixar-se seguir livre, cortar as amarras com a terra em que nascemos, deixar pra trás tudo o que conhecemos em busca de uma terra prometida, de perspectivas desconhecidas, de planos por fazer, pessoas por conhecer, sonhos a sonhar. É muita gente se dando conta que as coisas como estão não vão continuar rolando assim. É fechar o livro e começar a escrever outro. Mas o que é mais importante: nunca esquecer a verdadeira essência, o seu “eu”. Quem somos podemos até não saber direito, mas depois de vinte e poucos ou tantos anos já dá pra ter uma idéia. Até porque se a vida é um processo evolutivo, nada mais lógico que o presente e o futuro agreguem coisas ao nosso passado, que vai sempre existir independente de qualquer coisa. Mas pra onde vamos?

Pra onde vou eu ainda não sei. Agora estou aqui, escrevendo esse texto. E daqui a pouco estarei em uma despedida, mais uma entre tantas que têm acontecido nos últimos meses. Meus amigos estão indo embora. Muitos deles. Um êxodo em busca de novos ares, novas línguas – ou dialetos, novos trabalhos, novas pessoas, etc. Se a terra é prometida eu não sei dizer. Mas a vontade de vencer e de ser feliz é muito maior que o medo do desconhecido que os espera no saguão de um aeroporto muito longe daqui. As pessoas podem ser escravas de suas próprias vontades, mas nunca de um lugar.

Um dia chegará minha vez de dizer adeus também. Mas a saudade eu já sinto. Destes amigos que já foram, dos que estão indo e dos que eu vou deixar pra trás quando quiser correr o mundo. O bom da vida é que como as situações são efêmeras mas os sentimentos não, tudo não passará de um até logo. Adeus, nunca. A gente se vê por aí, gurizada. Amanhã ou daqui a um bom tempo. O importante é que amigos serão sempre, e acima de tudo, amigos.

23.5.06

Ódio

Eu odeio fabicanos.
Eu odeio formandos.
Eu odeio listas de discussão de formandos.
Eu odeio a Fabico.
Estou pagando meus pecados.

8.5.06

Tá, eu explico..

Semana passada foi comemorado o dia do trabalho. E, se não me engano, trata-se de uma homenagem às lutas sindicais realizadas no século XIX que culminaram na redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias. No Brasil, inclusive, este é geralmente o dia escolhido pelo governo para o anúncio dos raríssimos aumentos no salário mínimo. Pois agora tu deve estar se perguntando por que diabos eu estou fazendo esse resgate histórico de tão nobre conteúdo.
Eu explico: estou puto da cara com a hipocrisia e a falta de respeito que os empregadores costumam ter com a matéria-prima fundamental para o engorde dos seus lucros: nós, os trabalhadores.

Saca o drama: neguinho trabalha quase 17 horas em pleno fim de semana e quando vai marcar as folgas – sim, e eles ainda te mandam agradecer a Deus por darem este ENOOOOORME arrego – têm a cara de pau de dizer que tu só trampou um dia. Opa, vem cá, mas a jornada de trabalho não é de 8 horas diárias? Pode me dizer o que eu faço com as NOVE horas a mais? Simples, enfia no cu, palhaço. A gente te paga pra tu te foder mesmo. E pra tirar a suada folga tu ainda depende da pauta. “Ela manda na tua vida”. Pro cara se estrepar trabalhando feito um condenado ninguém pergunta se tu precisa brincar com teu filho, terminar um trabalho de faculdade ou simplesmente fazer o rancho do mês. Não, nem pensar. Esse é o legítimo VENHA A NÓS O VOSSO RABO.

É por isso que eu não acredito mais no sistema.
O sistema só te enraba.
Tu trabalha o mês inteiro, ganha teu salário mirrado
pra depois gastar tudo com telefone, comida, roupa, luz e água pra quê?
Para realimentar o sistema.
Tu é parte dele. Eu sou parte dele.
Adianta não acreditar mais no sistema?


Não, eu te digo. Não adianta porra nenhuma.
E eu ainda tenho uma monografia pra fazer.

Comigo não, violão

Na minha vida a pauta não manda, não.