14.12.07

Up the Irons!

Sempre que eu me disponho a fazer uma daquelas listas dos mais-mais, tem uma banda que, de uma forma ou outra, está sempre entre despontando. Seja como banda da vida, melhor vocalista, melhor baixista, melhor disco, blá blá blá. E sem a menor sombra de dúvida, top master na lista dos shows que eu devo assistir antes de morrer. Pois bem, a partir de 6 de março de 2008, eu já poderei entregar uma perna a Deus.



Estou tão emocionado que não consigo escrever muito sobre isso. Mas prometo um relato completo depois do show. Com certeza este show entrará em mais uma das minhas listas: a dos melhores shows da minha vida. Que, por sinal, eu não costumo ordenar por qualidade, mas cronologicamente:

- Skid Row (1992)
- Nirvana, Alice in Chains, Red Hot Chilli Peppers e L7 (Hollywood Rock 1993)
- Acústico Nenhum de Nós (1994)
- Ramones (1994)
- Santana e Tim Maia (1996)
- Fito Paez e Deep Purple (1997)
- Kiss e Metallica (1999)
- Eric Clapton (2001)
- Roger Waters e Rush (2002)
- Misfits, com Marky Ramone (2004)
- Placebo (2005)
- U2 (2006)
- Aerosmith e Velvet Revolver (2007)

E para morrer totalmente feliz e desapegado de maiores desejos materiais, ainda faltariam:

- David Gilmour
- Paul Mccartney
- Foo Fighters
- The Who
- Led Zeppelin
- Bob Dylan
- Supergrass
- AC/DC

Depois de assistir a estes shows, aí sim eu estaria pronto para conferir de perto as performances divinas de Janis Joplin, Jimi Hendrix, Elvis, Jim Morrison, Syd Barret, John Lennon....

7.12.07

A BULA* DA LOUCURA – OU UM NOBRE CAFA DA COROA



Pela história afora, e ela pode ser a sua própria, soubemos de patifes, cafajestes, pusilânimes e outros biltres que conquistaram reconhecimento praticando atos lúbricos ou imorais entre outras filhadaputices que qualquer mulher que tenha sido enganada ou rejeitada listaria aos borbotões sem maiores delongas. A televisão, o cinema e a literatura já apresentaram personagens que marcaram gerações, do Capitão Rodrigo Cambará ao Jorge Tadeu, ou do Gigolô Americano ao Alfie. Assim como o político corrupto, o advogado materialista e o publicitário egocêntrico, o cafajeste está definitivamente inserido em nossas sistemáticas vidas. Se você não é ou não foi, certamente já conheceu o sujeito. E gosta dele. Porque o cafajeste tem bom papo. Te leva no bico. Ele te paga uma ou sete cervejas e aí tu acredita até que ele trabalhou de figurante naquele filme do Walter Pena. Quem? Trabalhou com a Fernanda Torres e com o Francisco Cuoco. Não conhece? Não fez muito sucesso. Na verdade nem saiu em DVD.

Esse é o café-com-leite. Porque é só garganta. Os cafajestes perderam a força com a globalização, o movimento feminista e com o declínio da Igreja. Hoje não passam de charlatães de camisa engomada, metidos a don-juan do século vinte e um. Os verdadeiros cafajestes fizeram história. E um deles bagunçou um bom pedaço da Europa lá pelas fumaças do século dezesseis.

Depois da morte do papai, que “trabalhava” como REI da Inglaterra, assumiu o trono. Isso lá pelos onze anos de idade. Brincava de soldadinho de carne. De brinde, ossos e sangue, muito sangue. Uns tempos depois vem a morrer o irmão, que era casado com uma tal Catarina de Aragão da Espanha e não molhou o biscoito na espanhola. O ainda garoto mas já rei Henrique VIII não perdeu tempo, e depois de convencer o Papa a anular o casório e liberar a moçoila para a algazarra, foi lá e casou com a rapariga e consumou o fato. Foram seis filhos, dos quais só uma sobrou pra contar história, Mary. Cansado de tanta falta de sorte e muito afim de produzir um filho varão, o Henricão foi novamente trocar uma idéia com o Papa e convenceu-o a anular o casamento e nomeá-la Princesa Viúva. E como não era bobo, já tinha a substituta, uma prima de uma concubina com quem ele já tinha.........bom, era concubina. Ana Bolena era o nome da moça e mais uma moça foi o que ela conseguiu tirar do ventre para ofertar ao rei, que lógico, estava muito afim mesmo era de um herdeiro varão.

Na época, divórcios não existiam, a não ser quando existia um ótimo motivo, além de um pouco de poder e riqueza. Mas já tinha outra morena na ênfase. E dessa vez o papo não colou com o papa, que vetou a separação. E se não vai por bem, vai por mal. E de uma hora pra outra a pobre Ana Bolena virou adúltera, acusada de se fresquear com cinco elementos. E pra forca foram todos, um por um, em praça pública. E verdade ou não, o rei se livrou da mulher e juntou as perucas com Jane Seymor (que não é a mina do Em Algum Lugar do Passado). E deu no couro essa, porque logo já pariu o tão esperado sucessos do trono, Eduardo. Feliz da vida, Henrique VIII curtiu muito o filhão e a mulher, eleita por ele como a preferida. Renegou as filhas anteriores, chamou-as de ilegítimas e as rebaixou a LADYS. Muito ruim, muito ruim.

E como o que é bom nunca dura pra sempre, logo pintou outra Catarina na área, o que influenciou em mais um pedala-robinho na realeza. E depois de uma, veio outra Catarina. E todas foram assassinadas. Sem essa de acordar no outro dia, depois de uma noite lúbrica, olhar pra moça e largar um “tu fecha a porta quando sair, beleza?”. Vai pra guilhotina, chinoca!

Nessas alturas, o rei Henrique VIII já tinha quebrado o pau com a Igreja Católica, que não admitia as tentativas de divórcio e nem algumas opiniões meio radicais. Mandou o Papa às favas e criou a Igreja Anglicana, da qual se auto-denominou o ser supremo da instituição na Terra. Não por nada que foi excomungado. E depois de dominar o pensamento promover a verdadeira caça às bruxas e proibir a sodomia,engordou e começou a perder o tesão pela bagunça. Mesmo assim participou de mais algumas peleias e separou e casou mais uma vez. Morreu gordacho e como um dos reis mais tiranos de todos os tempos, com uns dezoito filhos no total (dos quais menos da metade restaram para contar história) e uma incalculável riqueza e poder acumulados. Aqui jaz Rei Henrique VIII da dinastia Tudor: o mais sacana, pervertido e psicopata governante jamais aclamado na Inglaterra.

E se você é, já foi ou conhece(u) um cafajeste, pense nisso: ou você não é de nada ou nunca viu um de verdade. E caso a resposta pra isso seja antagônica, por favor: muita calma nessa hora. Qualquer semelhança com pessoas reais é mera coincidência e blá blá blá.


*bula, neste caso, se refere a um documento pontífico ou à apresentação do mesmo.

4.12.07

Rede Nacional de Banalizaçao

Não muitos anos atrás, em um mundo nem tão diferente do que é hoje, a não ser pelo ponto de vista ajustado a um guri pançudinho de 12 anos de idade, a televisão brasileira se resumia a poucos canais abertos e uma tecnologia de tevê a cabo engatinhando. No final dos anos 80, a Xuxa ainda era a musa dos baixinhos, o Didi ainda fazia rir e a lambada chacoalhava esqueletos bem torneados em programas de auditório. As cores eram vivas e os cabelos armados, prontos para entrar em uma dança frenética, embalada pelo ritmo do primeiro presidente eleito pelo voto direto no Brasil, pelo fim da cortina de ferro e pelos jabs de Mike Tyson.

Ayrton Senna se consolidava um herói nacional aos berros do Galvão enquanto Berger deslizava pelo muro. Morria Cazuza. Surgia o Faustão. A tevê refletia ainda um certo pudor residual da época de censuras, corria querendo ser livre mas ainda com aquele frio na barriga, meio sem saber pra onde ir.

Com a puberdade começando a brilhar nos olhos, catálogos da Avon e algumas incursões de nível top-secret às caixas de filmes proibidos na locadora da esquina eram os primeiros indícios de que o universo era maior que a vila do Chaves. A Bandeirantes era o único destino possível em noites de sexta-feira. O apresentador Miéle promovia uma festa nas noites de quinta-feira, com morenas e loiras gostosas e descabeladas, com direito a um strip total no fim do programa (mas a luz sempre apagava antes delas mostrarem o principal).

É claro que havia sempre a possibilidade de furtar uma revista naquela banca perto de casa (depois o pai ou avô iam lá pagar, felizes do interesse do garotão, e junto com o dono da banca dava risada e se lembravam das suas histórias de adolescentes de 20 anos atrás), ou de pagar uma graninha pro irmão mais velho do seu amigo alugar algum VHS. Com o passar do tempo, a Playboy acabava se tornando item obrigatório naquela coleção que ficava sob o colchão, e você mesmo já conseguia passar um migué no assistente novato da locadora, pra alugar um filmezinho.

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Duas semanas atrás, em um raro momento em que me consigo me encontrar com a tevê antes das onze da noite, me deparei assistindo à novela das nove, e qual não foi minha surpresa ao ver uma paródia moderna do programa do Miéle, digna de uma boa e velha Sexta Sexy. Várias mulheres muito bem apanhadas e agraciadas com o toque divino dançando em roupas generosas em visibilidade, deixando à vista de todo o Brasil ligadinho na tevê muitos e muitos pares de peitos siliconados.

Se não me engano o nome da moça é Alzira, mas o que importa é que a Flávia Alessandra perdeu totalmente o pudor e está mostrando tudo na televisão. Em horário nobre. Em novela que apresenta classificação etária de 12 anos. Não viu? Não tem galho. Bota no Google ou no Youtube que está lá. E a Playboy dela, já viu? Bota no Google então que certamente está lá.

Seria demagogia eu dizer que não aprecio. Mas seria demência total concordar que, junto comigo, crianças de 10 anos ou menos assistem aos mesmos programas em horário nobre. Não muito tempo atrás, crianças não tinham um acesso tão gratuito a este tipo de conteúdo(?). Penso no escritor da novela que precisou apelar desta forma para conseguir um pouco mais de audiência. Penso no diretor que aprovou as cenas, sedento de um pontinhos no Ibope e com medo de perder o emprego. Penso na atriz, que vulgarizou totalmente a sua imagem. Ok, concordo que deve ser bastante complicado mostrar os peitos na novela, mas aí pra encarar isso como arte é muita falta de, no mínimo, critério. Mas como já apareceu na Playboy, todo mundo já conhece, teoricamente, o conteúdo da moça.

A televisão se perdeu final, como diria um amigo meu. Já cansei de passar na rua e ver garotinhas de 7 anos rebolando como a Carla Perez ou Dani Bananinha, usando as roupas da Deborah Secco ou correndo atrás de garotos de 10 anos. Na minha época, crianças de 7 anos brincavam. Hoje em dia elas são consumidoras, em muitos casos ainda mais que eu ou você.

Mas tudo bem, acho que no fundo isso é porque estou ficando velho mesmo.