30.11.06

A hora de voltar

Sabe aqueles momentos em que tu senta, respira e apenas observa o mundo a sua volta? Parece que se abre uma tela gigante a sua frente, que simplesmente começa a mostrar todas as coisas que você tem feito ultimamente. Um filme rápido que passa diante dos seus olhos enquanto você ouve crianças gritando em alguma creche da vizinhança. Um documentário que mostra a essência da rotina, o sair daqui e ir pra lá. Um pouco disso, misturado a sensações cotidianas que beiram a angústia, por querer se desprender das amarras que te mantém atrelado a um destino que você não quer, acaba te levando a uma pergunta que você sempre ouviu dentro da cabeça mas que talvez nunca tenha se motivado a encontrar resposta: por quê?

Estou sentado em minha prisão sem grades, olhando para o céu e ouvindo os sons da rua, nesta falsa sensação de liberdade que me anestesia enquanto tento chegar a uma solução extrema, aquela que vai acabar com as incertezas. Vejo sentido em quase todas as coisas, todas as formas de vida e a disposição delas no meu universo. Onde existe o propósito, eu enxergo uma linha a ser seguida, um caminho que deve ser feito para se alcançar os objetivos maiores de uma vida, uma existência ou simplesmente SER.

Meus passos são ora descompassados, ora no ritmo que eu tento determinar. Às vezes, este ritmo se torna pesado, quase um fardo. É nessas horas que penso em pular, sair da rota, pular uma casa, passar a vez. Diante de uma placa que me mostra uma distância a ser percorrida, eu cogito pegar a via alternativa. Voltar pra pedir informação, de repente. Buracos sempre existem, vias estreitas e movimentadas fazem parte do itinerário que muito mais pessoas do que você pensa querem seguir. Uns se perdem pelo caminho, outros desistem, outros seguem irredutíveis, sem questionar, sem hesitar, sem vacilar, até a estrada acabar e não houver mais nenhuma opção além de se jogar ao abismo e mergulhar de cabeça em um lugar que pode ser o começo ou o fim de uma trilha que talvez não seja aquela que você sempre sonhou.

Quero sair desse trem com as portas emperradas e descer em qualquer estação, em qualquer lugar da história. As coisas não são minhas até eu descobrir que preciso delas. É hora de arriscar se assim deseja. Para entrar na peleia é preciso ter as armas certas e, principalmente, enfrentar os adversários certos. É tempo de crescer e renovar. Abandonar velhos vícios e conhecer aquilo que você está aqui para conhecer. Será que eu deveria estar aqui agora?

5 comentários:

Luciana Saraiva disse...

Ui, que texto profundo. Mas te entendo...agora que estou desempregada, eu mais penso do que qualquer outra coisa. Muitas duvidas. Poucas certezas.

Parax disse...

Mas esta é a ode à mudança, que é sempre nova e desconhecida. Boa, velho! Essa tu tiraste de dentro de todos nós. Abraço!

Anônimo disse...

Te puxou...
Muito profundo mesmo...
Às vezes gostaria de ter um botão que me colocasse no automático e me fizesse parar de pensar... mas como já disse uma vez aquele tal de Aristóteles: “A dúvida é o principio da sabedoria”

Anônimo disse...

E aí Mereu???

Anônimo disse...

Oi, Leo

Cara, ia ao teu aniversário no pub do zôo com a Ana.

Mas o domingo "atropelou" a gente e ficou difícil deixar o centro.

Anyway, espero que tenha sido um dia bacana pra vc.

E que 2007 entregue tudo que promete a vc.

Baita abraço,


Enio