11.2.08

Yellow

Acordei no exato momento em que ela dizia algo a respeito do que sentia por mim. Seus olhos eram de um amarelo profundo, brilhante como uma pepita de ouro, olhando pra mim com desejo. Seu corpo era delineado como uma folha de dicotiledônea, adornado pelo vestido cor-de-uva que deslizava inconsequente sobre a sua pele amanteigada. Um pouco antes, havia pego um barco para atravessar o canal. Minha irmã me esperava do outro lado, segurando minha mochila com o notebook. Chovia e era preciso calma para remar com segurança em direção ao porto. Depois de pegar a mochila, desci rapidamente o canal para não perder mais tempo com aquela maldita chuva. De repente, a chuva parou e algo que julguei ser o sol começou a brilha por detrás das árvores que acompanhavam a linha do canal. Não era. Era apenas ela, com seus olhos amarelos e lindos, que me chamava. Joguei a mochila na àgua e pulei para a margem, deixando que o barco seguisse seu rumo sozinho. Machuquei a perna.
O sangue começou a escorrer e a dor atingiu a parte de trás da minha cabeça, como uma agulha desinibida. Foi quando ela chegou perto de mim, com seu vestido cor-de-uva, e segurou meu queixo enquanto olhava fundo nos meus olhos.

Acordei sem fazer idéia do significado disso. Fiquei um tempo deitado na cama, tentando entender o que havia acontecido. Quem era ela? Onde eu estava? Porque um barco? E a mochila? Sem chegar à nenhuma conclusão plausível, resolvi atirar-me para fora da cama. Foi quando vi a poça de sangue no lençol.

Nenhum comentário: